O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a morte de Gustavo dos Santos Ribas, 8 anos, apontou graves falhas no atendimento prestado pelo Hospital Municipal de Passo Fundo.
O documento foi apresentado nesta terça-feira (10), durante reunião da Câmara de Vereadores, e será votado na próxima terça-feira (17), às 9h.
Entre as conclusões, o relatório destacou a demora no encaminhamento do paciente para um hospital de referência e a ausência de médico radiologista durante o período noturno, fatores que podem ter contribuído para o agravamento do quadro da criança.
Inconsistências no Atendimento
A CPI teve acesso aos prontuários dos hospitais Municipal e São Vicente de Paulo (HSVP) e ouviu testemunhas e envolvidos no caso. O relator da CPI, vereador Rodinei Candela (Republicanos), ressaltou uma falha grave no atendimento:
— O hospital está classificado nos documentos do SUS como um pronto-atendimento de baixa complexidade. Portanto, mesmo que o paciente tenha sido diagnosticado errado com apendicite, ele deveria ter sido transferido imediatamente para um hospital de referência, e não permanecer ali durante a noite.
Outro ponto crítico foi a deficiência nos serviços de radiologia.
De acordo com o relatório, não havia médico radiologista disponível à noite, o que atrasou diagnósticos essenciais:
“Ficou evidente a deficiência dos serviços de radiologia prestados, pois não há médico radiologista disponível durante a noite para que os médicos plantonistas consultem e tirem dúvidas quanto ao diagnóstico dos exames de raio X, sendo o laudo emitido apenas seis horas após a realização dos exames, de forma digital, o que dificulta os diagnósticos”, conclui o texto.
Irregularidades na Gestão
O documento também apontou que uma médica apresentada como responsável técnica do hospital não possui registro no Ministério da Saúde e ocupa apenas um cargo de confiança na Secretaria Municipal de Saúde.
Encaminhamentos e Resposta da Prefeitura
O relatório será enviado à Prefeitura de Passo Fundo, ao Ministério Público, à auditoria da Secretaria Estadual de Saúde e ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers).
Procurada, a Prefeitura de Passo Fundo afirmou que acompanhou a apresentação do relatório e está analisando o documento antes de emitir um posicionamento oficial.
Créditos: Eduarda Costa – GZH – Foto: PMPF