Justiça decreta prisão de seis pessoas por uso indevido do sistema APAC em Passo Fundo

Acolhendo pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), a 1ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro decretou, na sexta-feira (11), a prisão preventiva de seis pessoas acusadas de usarem indevidamente o sistema da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Passo Fundo.

A decisão decorre de investigações da Operação Papillon, deflagrada em maio de 2024, que revelou o favorecimento de um grupo criminoso com atuação dentro do sistema penitenciário. Segundo o promotor de Justiça Diego Pessi, coordenador do 7º Núcleo Regional do GAECO – Planalto e responsável pela investigação, os suspeitos também foram denunciados pelo crime de organização criminosa.

Três investigados já se encontravam presos, dois foram detidos na sexta-feira por agentes do GAECO, e um sexto suspeito, que não estava preso, teve medidas cautelares diversas da prisão impostas.

As investigações apontaram que criminosos de alta periculosidade e com longo histórico penal eram indevidamente selecionados para integrar o sistema APAC.

Com a conivência de fiscais e responsáveis pela entidade, esses indivíduos conseguiam liberdade de ação, com faltas acobertadas e possibilidade de retomar suas atividades criminosas.

A apuração também revelou indícios de tráfico de influência, favorecimento real, falsidade ideológica e fraude processual.

Há relatos de representantes da APAC envolvidos na negociação de drogas e armas, na entrada de celulares no sistema e na intermediação de pedidos de faccionados junto a autoridades.

Para o promotor Diego Pessi, a gravidade dos crimes justifica as prisões preventivas, especialmente pela ousadia do grupo, que chegou a utilizar indevidamente o nome do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Um dos trechos mais chocantes da investigação mostra um investigado manifestando intenção de “dar um tiro na cabeça de um juiz”.

As investigações continuam em nova fase. Segundo o promotor, o objetivo é identificar e denunciar todos os envolvidos no esquema, incluindo aqueles responsáveis por crimes de lavagem de dinheiro.

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